“Na crise, uns choram, outros vendem lenços”, já dizia o publicitário Nizan Guanaes. Historicamente, períodos de crise costumam trazer consigo oportunidades únicas. No cenário atual, observamos a manutenção da taxa Selic em níveis elevados, o que tem impactado diretamente os juros bancários e restringido a oferta de crédito no mercado.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), foi anunciado um aumento de 1% na Selic, que agora se encontra em 12,25%. Para agravar a situação, o COPOM sinalizou que essa taxa pode subir ainda mais no próximo ano, refletindo as dificuldades enfrentadas pela economia brasileira e seus efeitos em diversos setores.
No mercado imobiliário, a alta dos juros afeta especialmente os financiamentos, que são a principal modalidade para aquisição de imóveis residenciais no país. Isso tem reduzido significativamente a liquidez dos imóveis, dificultando as vendas.
Para ilustrar, as taxas de financiamento imobiliário nos principais bancos variam atualmente entre 9,79% e 12,49%. Esse cenário de juros elevados tem diminuído o volume de transações imobiliárias e restringido o crédito disponível. Pela dificuldade em vender e, as vezes necessidade de dinheiro, o proprietário fica mais flexível com relação ao preço do imóvel, tendendo a fazer concessões e, em alguns casos, reduzindo-o substancialmente. O que traz grandes oportunidades para investidores.
Assessorei clientes que conseguiram adquirir imóveis avaliados em R$ 2 milhões, por apenas R$ 1,5 milhão, justamente por ter o dinheiro em caixa e poder pagar à vista, aproveitando essas oportunidades do mercado em crise.
É importante frisar que comprar imóveis quando todo mundo está comprando não é investimento, afinal você está comprando pelo preço normal, em alta, seguindo a maré. Os melhores investidores sabem identificar oportunidades e compram quando todos estão vendendo e ninguém quer comprar.
Por isso, defendo que com a atual Selic, pode ser uma boa oportunidade de investimento no mercado imobiliário de usados. Seja na modalidade de ganho de capital, comprando para revender a um preço maior, ou na modalidade de fluxo de caixa, adquirindo imóveis para locação, há oportunidades interessantes a serem exploradas.
A queda na oferta de crédito fez com que muitas pessoas perdessem acesso ao financiamento imobiliário, levando-as a buscar alternativas no mercado de locação. Como resultado, a demanda por aluguéis aumentou, impulsionando os valores cobrados. Isso foi reforçado pelo Censo Demográfico 2022, que demonstrou um aumento no percentual da população que mora de aluguel. Entretanto, apesar das oportunidades que surgem nesse cenário, é essencial salientar que o investimento em imóveis também envolve riscos significativos que os compradores precisam considerar cuidadosamente.
Contudo, é bom lembrar que o investimento em imóveis não é isento de riscos. Uma análise cuidadosa deve ser realizada antes da aquisição. É fundamental entender as razões pelas quais o imóvel está abaixo do valor de mercado: seria uma necessidade do proprietário ou há irregularidades envolvidas?
Além disso, a documentação do imóvel requer atenção minuciosa para evitar problemas futuros, como a necessidade de judicializar a questão ou, até mesmo, perder o imóvel por problemas na titularidade. Por isso, todos os documentos devem ser analisados com rigor, preferencialmente com o auxílio de um advogado especializado em direito imobiliário.
Por fim, é importante destacar que, em breve, compartilharei um texto abordando os
principais riscos na compra de imóveis e como evitá-los, trazendo mais informações
para auxiliar investidores e compradores nesse processo.